"Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minhalma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...
Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...
...
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
Mário de Sá-Carneiro
“Sá-Carneiro não teve biografia: teve só génio. O que disse foi o que viveu." Estas palavras de Fernando Pessoa resumem bem a vida de um grande poeta que escolheu a morte na primavera da sua vida.
Grande poeta, alma conturbada, deixou-nos cedo. Todos perdemos.
Certas vezes a gente precisa apenas
"um pouco mais" que nem sempre está disponível. Tudo tem seu tempo, tudo tem. O amor também.
Começa junho: mês dos namorados, mês do inverno, do aconchego, mês de dias curtos e de longas, longas noites. Gosto disso.
A vida é ainda, quase.
beijos e boa semana a todos,
Tina