Quando nasce um bebê, nasce também o medo da morte – mães não se
conformam em deixar o mundo sem encaminhar devidamente um filho.
Não pense você que ao se tornar mãe uma mulher abandona todas as
mulheres que já foi um dia. Bobagem. Ganha mais mulheres em si mesma.
Com seus desejos aumentam sua audácia, sua garra, seus poderes. Se já
era impossível, cuidado: ela vira muitas. Também não me venha imaginar
mães como seres delicados e frágeis.
Mães são fogo, ninguém segura. Se
antes eram incapazes de matar um mosquito, adquirem uma fúria inédita.
Montam guarda ao lado de suas crias, capazes de matar tudo o que zumbir
perto delas: pernilongos, lagartas, leões, gente.
Mães não têm
tempo para o ensaio: estreiam a peça no susto. Aprendem a pilotar o
avião em pleno voo. E dão o exemplo, mesmo que nunca tenham sido
exemplo. Cobrem seus filhos com o cobertor que lhes falta. E, não raro,
depois de fazerem o impossível, acreditam que poderiam ter feito melhor.
Nunca estarão prontas para a tarefa gigantesca que é criar um filho –
alguém está?
Mente quem diz que mãe sente menos dor – pelo
contrário! Ela apenas aprende a deixar sua dor para outra hora. Atira o
seu choro no chão para ir acalentar o do filho. Nas horas vagas, dorme.
Abastece a casa. Trabalha. Encontra os amigos. Lê – ou adormece com um
livro no rosto. E, quando tem tempo pra chorar – cadê? -, passou. A mãe
então aproveita que a casa está calma e vai recolher os brinquedos da
sala. “Como esse menino cresceu”, ela pensa, a caminho do quarto do
filho. Termina o dia exausta, sentada no chão da sala, acompanhada de um
sorriso besta.
Já os filhos, ah… Filhos fazem a mãe voltar os
olhos para coisas que não importavam antes. O índice de umidade do ar.
Os ingredientes do suco de caixinha. O nível de sódio do macarrão sem
glúten. Onde fica a Guiné-Bissau. Os rumos da agricultura orgânica. As
alternativas contra o aquecimento global. Política. E até sua própria
saúde.
Mães são mulheres ressuscitadas. Filhos as rejuvenescem, tornando
a vida delas mais perigosa – e mais urgente.
Quando nasce um
bebê, nasce uma empreiteira. Capaz de cavar a estrada quando não há
caminho, só para poder indicar: “É por ali, filho, naquela direção”.
Cris G. (não tenho o link)
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Não sei se foi Thaís ou Cris G quem escreveu, mas fica meu crédito às duas pelo excelente texto. Coisas da Net, "jamais saberemos" ... como dizia um amigo meu.
Essa semana faz mais um ano que minha mãe partiu, subiu, descansou, voou... Eu lembro bem, foi em 19/09/2008. Continua fazendo falta o telefonema, a voz, pedir e receber a "bença" com carinho.
Não sendo suficiente para o meu viver, esta semana de setembro também levou meu pai tão querido, sem muito aviso, 11 anos atrás, no dia 23/09/2004.
Mãe faz falta sempre, mãe não deveria partir. Pai também não. Não mesmo. Os 2 me deixaram no mês de setembro. Ano bissexto, receio. Saudade sem fim.
Novos setembros chegaram e me trouxeram a lembrança deles com certeza, mas também recebi em um setembro a minha maior alegria, meu primeiro neto ! Amor sem fim.
A vida é assim, a gente perde, ganha, perde, ganha. Viver, amar , sentir. É vida. É da vida.
Boa semana para vocês,
beijos.
Tina