
"Ela nasceu em São Paulo, mas morava no Rio e adorava vir passar as férias em São Paulo - ver todos aqueles prédios enormes, as luzes de neon brilhando, as grandes lojas, os carros, a vida que sonhava acontecia ali- e tinha o pai - ah! que delícia viver alguns poucos dias do ano vendo e vivendo o pai todo o tempo, tinha adoração por ele.
Numa dessas vindas, o pai resolveu levar todos para almoçar em Santos um sábado. No caminho, ele parou numa joalheria em S.B. do Campo para deixar um cordão dele para consertar.
Ela desceu do carro também e ficou na vitrine, literalmente vidrada olhando anéis, colares e pulseiras, cada um mais lindo que o outro, sonhando com todos eles em seus dedos, pulsos e pescoço. (Mas afinal: que mulher resiste à uma vitrine de joalheria?) rs*
Apaixonou-se instantaneamente por um anel redondo, mixto de ouro liso e ouro fosco que, como costuma dizer, "tinha a sua cara". Correu para o pai e disse:
- Pai, compra esse anel prá mim?
- Não! Hoje não é seu aniversário.
- Ah, mas por que não? Compra pai, é tão lindo!
- Já disse que não, vamos embora.
- Mas, pai...
- Outro dia eu compro, tá bom?
E lá se foram para Santos. Passearam pela cidade - ela sempre andava de mão dada com ele, (para total irritação da mãe... ) - e chegaram finalmente ao restaurante escolhido.
Todos sentados (mãe, irmã, irmão) ela e pai, que resolve pedir uma entrada. Quando ela se deu conta do que era a entrada, teve ânsia..: uma travessa de ostras ! Será que existe coisa mais nojenta aos olhos de uma criança - sim, ela ainda era bem criança - do que uma ostra aberta? Duvido muito.
Pai começa a cerimônia de degustação daquilo: pegar, soltar com o garfinho, espremer limão e sorver... argh! Até aí tudo bem, quem estava comendo era ele... que em certo momento diz à ela:
- Prova, é muito bom!
- Deus me livre, (diz ela) que coisa nojenta!
- Prova !
- Eu não pai, cruzes!
- E vocês (olhando para os irmãos) não vão provar?
- Lógico que não, (diz ela em nome de todos).
- Pensando bem, você ainda quer aquele anel?

- Lógico pai, você vai me dar?
- Se você comer uma ostra eu te dou o anel!
- Paiiiiii !!! Ai meu Deus, eu vou ter que comer uma ostra?
- Você quer o anel ou não?
- Quero! Mas é uma ostrinha só, né? (rs)
- É... (já espremendo limão na própria...)
- Tá bom! Eu como, mas eu quero o anel mesmo, tá?
E em seguida, ela fechou os olhos, tapou o nariz e abriu a boca... Vupt! a ostra desceu lisinha, nem sentiu o gosto, apenas engoliu e pronto! Ostra = anel. Parece fácil, não!?!"
E eu nunca mais comi ostra.
O anel está na caixa de jóias...(foto acima) e o pai...? O pai hoje é só saudade, mas viverá para sempre no meu coração...
Feliz Dia dos Pais!
beijos e bom fim de semana a todos,
Tina